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terça-feira, 1 de abril de 2008

ATRIZ


ATRIZ
De quê será que é feita
a alma da atriz?
De colorida cêra?
De perfumado aniz?
Sua boca quando cala,
o que será que diz?
As mais doces promessas?
Serão cruéis ardis?
Sua pele quando roça
uma outra em seu afã,
será pele de moça?
será de anciã?
Como será que acorda
a estrela na manhã?
Terá lábios de figo?
Terá peitos de lã?
Como será que acaba
a cena a que não vim?
Será que vai embora?
Será que fica em mim?
Quiz traduzir num verso
a mão que segurei,
mas desisti cansado,
jamais conseguirei.
Pois percebi, calado,
que tens as minhas mãos,
para sempre agarradas,
ao teu coração!
(Com todo carinho do mundo para Suzy Lopes.)
Claudio Noah

ÀGUAS DE MANAÍRA

Àguas de Manaíra

As águas de Manaíra enchem-me os olhos
com os olhos da mina dos cabelos de fogo
e os da moça das águas nos olhos e anel de satélite
que brilha e reflete meus olhos nos olhos dela.
?Qual mesmo o tamanho do cais em que andavas?
?E as cores da saia da menina-dos-olhos d’água e anel de satélite
embrulhando-me com a saia
tal qual presente pra santa das águas de Manaíra
vestes sacerdotais que sussurrava ventos
me arranhando os mamilos cais adentro?
Mas onde mesmo moram a minas de Manaíra
que embrulham gente nas vestes
usam anéis de satélite e cabelos da cor do fogo?
Moram dentro de mim.

Claudio Noah
agosto de 2007

A BOLA DA VEZ




..................................................................................... foto: SUZY LOPES

A Bola da vez

Chego na bruma da noite
Sou quem estava por vir
Trago o corte e o açoite
Sulfa, veneno e elixir.
Meu olho-de-vidro é quebrado,
Salivo da cor do açafrão,
O cadarço do meu sapato
Rabisca estrelas no chão.

Sou boto, sou cobra-de-fogo,
Fazendo o teu ventre ferver,
A bola da vez no seu jogo
e o drible que falta a você.
Trago na mão, bem riscado,
O eme dos maracatus
Na goela o meu nó é dobrado
Meu sangue é de pó, vento e luz.

Na ponta da lança a cabeça,
Do seu mais antigo ancestral
Não me negues acaso amanheça,
Meu rastro deixei no quintal.
Pra terminar dou por dito,
O que lhe permito ouvir
No teu abajur deixo escrito
apaguei a luz ao sair.

Claudio Noah

A CASA DOS VENTOS

....................................................................foto: Claudio Noah

A CASA DOS VENTOS

Ela fica no fim de uma pequena rua,
ali bem próximo dos meus sonhos.
O sol, inxirido como sempre,
gosta de vasculhar seus cantos,
só para se ver a si mesmo refletido nela.
Lá, aonde moro, o aconchego me envolve,
numa linguagem de paredes e plantas.
Dentro da Casa dos Ventos o tempo não existe.
Tudo apenas começa..

CLÁUDIO NOAH!
quase, quase outubro de 2007

CHEIO DE VOCÊ!

Meu creme dental, a chata da cueca, meus óculos (que nunca pensei em usar), o telejornal chato, a nova beldade mostrando a bunda, o barbeador cego, a roupa desarrumada, o passarinho das 04 horas(chato!), meu leite com Nescau, os improvisos do dia, meu chefe, a conta do telefone, meu peixe (que agora está casado e morando em outra casa!), meu tênis, meu pênis (que um dia supuz ser maior que é!), meu time preferido, a gostosa da esquina, a peça a que não fui, o que jamais pensei sentir, minha ansiedade de Novembros, o piau do trem passando ao largo da minha casa, meus mêdos, minha cama desafeta, o ter de lavar roupa, o aprender sobre o que é morar só, minha blusa, meu divâ (todo homen que mora só tem um), minha mão quando me acaricia tentando ser você.....tudo......tudo isto e muito mais do que eu possa pensar em dizer.... está absolutmente CHEIO de você!

Claudio Noah

DIAS DE AQUARELA

Dias de Aquarela

Tudo assim bem simples
como o sol corando a face da maçã,
como um domingo, um gosto de hortelã,
um queimar de vela.
Aliás, lilás,
e outras cores que ficaram por aqui,
como a desejar por fim se colorir,
dias de aquarela.
E é tom sobre tom
quando explode um arco-íris nos lençóis,
quando em meus lábios rubros desaguamos nós,
pelo corpo dela.
E assim, dentro da noite,
mil e uma outras noites de acordado,
onde me esvaindo vou virando um quadro,
para nossa tela.


Claudio Noah & Suzy Lopes
26 de novembro de 2207