O Mar e Eu
O mar e eu já brincamos demais.
Ele com suas Sereias, eu com as Ninfas do cais.
O mar e eu nos machucamos demais.
Ele nas pedras dos diques, eu no meu peito fugaz.
Se a lua o mar encandeia, ateia lembranças em mim.
O vento que te despenteia me traz um olor de jasmim.
Deixastes pegadas na areia que o mar apagou bem cedim.
No meu coração, que aperreia, deixastes saudades sem fim.
O mar e eu já mareamos demais.
O mar do cantar das Sereias.
Eu, do que a vida me faz.
Cláudio Noah
Junho de 2005
claudionoah@hotmail.com (81) 9733-0060 (Tim) (81) 8761-5100 (Oi)
terça-feira, 1 de julho de 2008
SETEMBRO
SETEMBRO
Don’t be afraid high now
if the world it’s not in peace.
Don’t waste your time,
please come to dance,
please come to dance with me.
Tempos de Antraz e um cheiro de gás no meu nariz,
me faz perceber o amor quase por um triz.
Uirapurus, araras-azuis, micos-saguis,
em extinção, um coração me diz.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança.
Loucas canções, reagges, baiões, no meu Apê.
Eu fumo demais e o trago não traz você.
No meu madrigal, novela fatal, o espelho me diz,
que sonha poder, me refletir feliz.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança
Nos campos, quartéis, lares, bordéis, são tantos meu ais.
E esta canção por lhe desejar demais.
Não sou surreal, Picasso, Chagal, tão pouco Dahli.
Mais vai ser legal se você pintar aqui.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança
Claudio Noah
Don’t be afraid high now
if the world it’s not in peace.
Don’t waste your time,
please come to dance,
please come to dance with me.
Tempos de Antraz e um cheiro de gás no meu nariz,
me faz perceber o amor quase por um triz.
Uirapurus, araras-azuis, micos-saguis,
em extinção, um coração me diz.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança.
Loucas canções, reagges, baiões, no meu Apê.
Eu fumo demais e o trago não traz você.
No meu madrigal, novela fatal, o espelho me diz,
que sonha poder, me refletir feliz.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança
Nos campos, quartéis, lares, bordéis, são tantos meu ais.
E esta canção por lhe desejar demais.
Não sou surreal, Picasso, Chagal, tão pouco Dahli.
Mais vai ser legal se você pintar aqui.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança
Claudio Noah
segunda-feira, 12 de maio de 2008
ABSOLUTO
....................................................foto: Kleber Noah
Absoluto
Palavras soam diferentes
se você está por perto.
Tudo tem um brilho assim
de um jeito que não sei dizer.
Certezas perdem o sentido,
tudo se entorta,
o momento é tão intenso que jamais, jamais, jamais...
O menino que há em mim
lhe olha agora
e inventa mil loucuras
pra encantar você!
As cores giram a tua volta,
as nuvens mudam de lugar,
e não se sabe ao certo a estação,
mas nada importa mais.
A flor que cai no teu caminho
busca em vão, o precipício do teu lábio,
onde a minha queda não tem fim.
O menino que há em mim
lhe olha agorae inventa mil loucuras
pra encantar você!
Você que é muito, muito...
há tanta coisa por dizer!
Pra você que é muito, muito...
Mas tudo se resume ao fato absoluto
que gosto muito de você.
Cláudio Noah
Absoluto
Palavras soam diferentes
se você está por perto.
Tudo tem um brilho assim
de um jeito que não sei dizer.
Certezas perdem o sentido,
tudo se entorta,
o momento é tão intenso que jamais, jamais, jamais...
O menino que há em mim
lhe olha agora
e inventa mil loucuras
pra encantar você!
As cores giram a tua volta,
as nuvens mudam de lugar,
e não se sabe ao certo a estação,
mas nada importa mais.
A flor que cai no teu caminho
busca em vão, o precipício do teu lábio,
onde a minha queda não tem fim.
O menino que há em mim
lhe olha agorae inventa mil loucuras
pra encantar você!
Você que é muito, muito...
há tanta coisa por dizer!
Pra você que é muito, muito...
Mas tudo se resume ao fato absoluto
que gosto muito de você.
Cláudio Noah
ABRACADABRA
Abracadabra
Nos curtos versos que faço
concreto a palavra-dura
no canto da criatura
areia, cimento e traço.
Ao olho que se esbugalha
na fúria deste lamento,
oferto neste momento
o corte de uma navalha!
Sou papagaio arretado,
Não tenho papa na língua,
Não trago cisto nem íngua,
Nem posso ficar calado.
Pra cantilena enfadonha
que chega lá do planalto,
é fácil tapar asfalto,
difícil é tapar vergonha!
Abracadabra, abra a cabeça,
Open your mind, my friend.
Doutores e seus anéis,
senhores de bolsos fartos,
gemendo nus pelos quartos
de insuspeitáveis bordéis.
Na sordidez de um orgasmo
comprado com vil metal,
baba como animal,
no derradeiro espasmo.
Fantoches dos coronéis,
nas sombras dos gabinetes,
seguem cantando em falcete
no ouvido dos seus fiéis.
Enquanto isto nas ruas,
andando tais quais zumbis,
o povo lembra infeliz
quinhentos anos de luas.
Abracadabra, abra a cabeça,
Open your mind, my friend.
Sei que serei condenado,
mas vou seguir maldizendo
aquele que está fazendo
farra com meu trocado.
Portanto não se esqueça
desta mortal criatura,
usando a palavra-dura
pra te abrir a cabeça.
Claudio Noah
Nos curtos versos que faço
concreto a palavra-dura
no canto da criatura
areia, cimento e traço.
Ao olho que se esbugalha
na fúria deste lamento,
oferto neste momento
o corte de uma navalha!
Sou papagaio arretado,
Não tenho papa na língua,
Não trago cisto nem íngua,
Nem posso ficar calado.
Pra cantilena enfadonha
que chega lá do planalto,
é fácil tapar asfalto,
difícil é tapar vergonha!
Abracadabra, abra a cabeça,
Open your mind, my friend.
Doutores e seus anéis,
senhores de bolsos fartos,
gemendo nus pelos quartos
de insuspeitáveis bordéis.
Na sordidez de um orgasmo
comprado com vil metal,
baba como animal,
no derradeiro espasmo.
Fantoches dos coronéis,
nas sombras dos gabinetes,
seguem cantando em falcete
no ouvido dos seus fiéis.
Enquanto isto nas ruas,
andando tais quais zumbis,
o povo lembra infeliz
quinhentos anos de luas.
Abracadabra, abra a cabeça,
Open your mind, my friend.
Sei que serei condenado,
mas vou seguir maldizendo
aquele que está fazendo
farra com meu trocado.
Portanto não se esqueça
desta mortal criatura,
usando a palavra-dura
pra te abrir a cabeça.
Claudio Noah
terça-feira, 1 de abril de 2008
ATRIZ
De quê será que é feita
a alma da atriz?
De colorida cêra?
De perfumado aniz?
Sua boca quando cala,
o que será que diz?
As mais doces promessas?
Serão cruéis ardis?
Sua pele quando roça
uma outra em seu afã,
será pele de moça?
será de anciã?
Como será que acorda
a estrela na manhã?
Terá lábios de figo?
Terá peitos de lã?
Como será que acaba
a cena a que não vim?
Será que vai embora?
Será que fica em mim?
Quiz traduzir num verso
a mão que segurei,
mas desisti cansado,
jamais conseguirei.
Pois percebi, calado,
que tens as minhas mãos,
para sempre agarradas,
ao teu coração!
(Com todo carinho do mundo para Suzy Lopes.)
Claudio Noah
ÀGUAS DE MANAÍRA
Àguas de Manaíra
As águas de Manaíra enchem-me os olhos
com os olhos da mina dos cabelos de fogo
e os da moça das águas nos olhos e anel de satélite
que brilha e reflete meus olhos nos olhos dela.
?Qual mesmo o tamanho do cais em que andavas?
?E as cores da saia da menina-dos-olhos d’água e anel de satélite
embrulhando-me com a saia
tal qual presente pra santa das águas de Manaíra
vestes sacerdotais que sussurrava ventos
me arranhando os mamilos cais adentro?
Mas onde mesmo moram a minas de Manaíra
que embrulham gente nas vestes
usam anéis de satélite e cabelos da cor do fogo?
Moram dentro de mim.
Claudio Noah
agosto de 2007
As águas de Manaíra enchem-me os olhos
com os olhos da mina dos cabelos de fogo
e os da moça das águas nos olhos e anel de satélite
que brilha e reflete meus olhos nos olhos dela.
?Qual mesmo o tamanho do cais em que andavas?
?E as cores da saia da menina-dos-olhos d’água e anel de satélite
embrulhando-me com a saia
tal qual presente pra santa das águas de Manaíra
vestes sacerdotais que sussurrava ventos
me arranhando os mamilos cais adentro?
Mas onde mesmo moram a minas de Manaíra
que embrulham gente nas vestes
usam anéis de satélite e cabelos da cor do fogo?
Moram dentro de mim.
Claudio Noah
agosto de 2007
A BOLA DA VEZ
..................................................................................... foto: SUZY LOPES
A Bola da vez
Chego na bruma da noite
Sou quem estava por vir
Trago o corte e o açoite
Sulfa, veneno e elixir.
Meu olho-de-vidro é quebrado,
Salivo da cor do açafrão,
O cadarço do meu sapato
Rabisca estrelas no chão.
Sou boto, sou cobra-de-fogo,
Fazendo o teu ventre ferver,
A bola da vez no seu jogo
e o drible que falta a você.
Trago na mão, bem riscado,
O eme dos maracatus
Na goela o meu nó é dobrado
Meu sangue é de pó, vento e luz.
Na ponta da lança a cabeça,
Do seu mais antigo ancestral
Não me negues acaso amanheça,
Meu rastro deixei no quintal.
Pra terminar dou por dito,
O que lhe permito ouvir
No teu abajur deixo escrito
apaguei a luz ao sair.
Claudio Noah
A Bola da vez
Chego na bruma da noite
Sou quem estava por vir
Trago o corte e o açoite
Sulfa, veneno e elixir.
Meu olho-de-vidro é quebrado,
Salivo da cor do açafrão,
O cadarço do meu sapato
Rabisca estrelas no chão.
Sou boto, sou cobra-de-fogo,
Fazendo o teu ventre ferver,
A bola da vez no seu jogo
e o drible que falta a você.
Trago na mão, bem riscado,
O eme dos maracatus
Na goela o meu nó é dobrado
Meu sangue é de pó, vento e luz.
Na ponta da lança a cabeça,
Do seu mais antigo ancestral
Não me negues acaso amanheça,
Meu rastro deixei no quintal.
Pra terminar dou por dito,
O que lhe permito ouvir
No teu abajur deixo escrito
apaguei a luz ao sair.
Claudio Noah
A CASA DOS VENTOS
....................................................................foto: Claudio Noah
A CASA DOS VENTOS
Ela fica no fim de uma pequena rua,
ali bem próximo dos meus sonhos.
O sol, inxirido como sempre,
gosta de vasculhar seus cantos,
só para se ver a si mesmo refletido nela.
Lá, aonde moro, o aconchego me envolve,
numa linguagem de paredes e plantas.
Dentro da Casa dos Ventos o tempo não existe.
Tudo apenas começa..
CLÁUDIO NOAH!
quase, quase outubro de 2007
A CASA DOS VENTOS
Ela fica no fim de uma pequena rua,
ali bem próximo dos meus sonhos.
O sol, inxirido como sempre,
gosta de vasculhar seus cantos,
só para se ver a si mesmo refletido nela.
Lá, aonde moro, o aconchego me envolve,
numa linguagem de paredes e plantas.
Dentro da Casa dos Ventos o tempo não existe.
Tudo apenas começa..
CLÁUDIO NOAH!
quase, quase outubro de 2007
CHEIO DE VOCÊ!
Meu creme dental, a chata da cueca, meus óculos (que nunca pensei em usar), o telejornal chato, a nova beldade mostrando a bunda, o barbeador cego, a roupa desarrumada, o passarinho das 04 horas(chato!), meu leite com Nescau, os improvisos do dia, meu chefe, a conta do telefone, meu peixe (que agora está casado e morando em outra casa!), meu tênis, meu pênis (que um dia supuz ser maior que é!), meu time preferido, a gostosa da esquina, a peça a que não fui, o que jamais pensei sentir, minha ansiedade de Novembros, o piau do trem passando ao largo da minha casa, meus mêdos, minha cama desafeta, o ter de lavar roupa, o aprender sobre o que é morar só, minha blusa, meu divâ (todo homen que mora só tem um), minha mão quando me acaricia tentando ser você.....tudo......tudo isto e muito mais do que eu possa pensar em dizer.... está absolutmente CHEIO de você!
Claudio Noah
DIAS DE AQUARELA
Dias de Aquarela
Tudo assim bem simples
como o sol corando a face da maçã,
como um domingo, um gosto de hortelã,
um queimar de vela.
Aliás, lilás,
e outras cores que ficaram por aqui,
como a desejar por fim se colorir,
dias de aquarela.
E é tom sobre tom
quando explode um arco-íris nos lençóis,
quando em meus lábios rubros desaguamos nós,
pelo corpo dela.
E assim, dentro da noite,
mil e uma outras noites de acordado,
onde me esvaindo vou virando um quadro,
para nossa tela.
Claudio Noah & Suzy Lopes
26 de novembro de 2207
Tudo assim bem simples
como o sol corando a face da maçã,
como um domingo, um gosto de hortelã,
um queimar de vela.
Aliás, lilás,
e outras cores que ficaram por aqui,
como a desejar por fim se colorir,
dias de aquarela.
E é tom sobre tom
quando explode um arco-íris nos lençóis,
quando em meus lábios rubros desaguamos nós,
pelo corpo dela.
E assim, dentro da noite,
mil e uma outras noites de acordado,
onde me esvaindo vou virando um quadro,
para nossa tela.
Claudio Noah & Suzy Lopes
26 de novembro de 2207
sábado, 29 de março de 2008
ÀGUAS DE MANAÍRA DOIS
Águas de Manaíra dois
Ele compra um sorvete para ela que chupa o sorvete como se fosse ele diante da praia exposta ao vento que lhe descabela a alma e o sorvete que não gela o pulsar dela por dentro da noite de Manaíra tão pequena a mão do toque dele nos seus seios expostos pro vento de Manaíra das têtas duras e vagina molhada de espera nas muitas águas de Manaíra.
Águas que só ele sabe.
Cláudio Noah
27 de março de 2008
Ele compra um sorvete para ela que chupa o sorvete como se fosse ele diante da praia exposta ao vento que lhe descabela a alma e o sorvete que não gela o pulsar dela por dentro da noite de Manaíra tão pequena a mão do toque dele nos seus seios expostos pro vento de Manaíra das têtas duras e vagina molhada de espera nas muitas águas de Manaíra.
Águas que só ele sabe.
Cláudio Noah
27 de março de 2008
LUGARES
Lugares
Na Sibéria,
em Otawa,
em Ouricuri,
tem sempre alguém amando alguém.
Sentindo seu cheiro de primavera ainda que seja inverno.
Nos calçadões de Ipanema,
sob os olhos de poetas que já lá não estão,
tem sempre alguém amando alguém.
Dentro de um coletivo ou da última Ferrari,
tem sempre alguém amando alguém.
O amor é o motor deste mundo e das suas gerações
pois os tempos passam,
e sempre teremos alguém amando alguémassim como te amo.
Cláudio Noah
27 de março de 2008
Na Sibéria,
em Otawa,
em Ouricuri,
tem sempre alguém amando alguém.
Sentindo seu cheiro de primavera ainda que seja inverno.
Nos calçadões de Ipanema,
sob os olhos de poetas que já lá não estão,
tem sempre alguém amando alguém.
Dentro de um coletivo ou da última Ferrari,
tem sempre alguém amando alguém.
O amor é o motor deste mundo e das suas gerações
pois os tempos passam,
e sempre teremos alguém amando alguémassim como te amo.
Cláudio Noah
27 de março de 2008
quinta-feira, 27 de março de 2008
DOLOR
Dolor
Dolor não é dor não.
Dolor é tempo perdido por entre os dias.
Dolor é a lembrança de filhos que não foram filhos.
Dolor é a lembrança de orgasmos calados, pra não acordar os do lado.
Dolor é carnecansada sem perfume ou vaidade,
Dolor não se curva pois, curvatura e sobrevivência não combinam.
Dolor é loucura lúcida.
Há um acordo íntimo por dentro dela e ninguem o sabe.
O acordo é acompanhar um filho até o limite, mesmo que o tal limite seja a bala!
Dolor são Marias, todas elas!
Um arquétipo vaginal que amamenta.
Dolor é a negação do prazer com todas as suas consequências.
Dolor são Suzys, Cristinas, Miras e tantas outras sob a pressão de uma realidade não desejada.
Dolor não menstrua mais.
Dolor não sabe onde vai.
Dolor é apenas Dolor.
Claudio Noah
26 de março de 2008
Dolor não é dor não.
Dolor é tempo perdido por entre os dias.
Dolor é a lembrança de filhos que não foram filhos.
Dolor é a lembrança de orgasmos calados, pra não acordar os do lado.
Dolor é carnecansada sem perfume ou vaidade,
Dolor não se curva pois, curvatura e sobrevivência não combinam.
Dolor é loucura lúcida.
Há um acordo íntimo por dentro dela e ninguem o sabe.
O acordo é acompanhar um filho até o limite, mesmo que o tal limite seja a bala!
Dolor são Marias, todas elas!
Um arquétipo vaginal que amamenta.
Dolor é a negação do prazer com todas as suas consequências.
Dolor são Suzys, Cristinas, Miras e tantas outras sob a pressão de uma realidade não desejada.
Dolor não menstrua mais.
Dolor não sabe onde vai.
Dolor é apenas Dolor.
Claudio Noah
26 de março de 2008
quarta-feira, 26 de março de 2008
CANA MARIA
Cana Maria
Vejo o bailado das canas
por sobre os canaviais.
Vejo as Marias das canas por dentro delas.
Sinto o cheiro das canas queimando
por entre as brasas das tais Marias
de nome verde.
O ocre cheiro na vagina dela,
pensando seus filhos das canas,
temperados com melaço.
Por dentro das festas de fim Março
Um cheiro de fim de safra
Cana Maria.
Canas por séculos!
Pisando o adubo,
cotôcos de alegria,
na tera sem nada.
Cláudio Noah
25 de março de 2008
Vejo o bailado das canas
por sobre os canaviais.
Vejo as Marias das canas por dentro delas.
Sinto o cheiro das canas queimando
por entre as brasas das tais Marias
de nome verde.
O ocre cheiro na vagina dela,
pensando seus filhos das canas,
temperados com melaço.
Por dentro das festas de fim Março
Um cheiro de fim de safra
Cana Maria.
Canas por séculos!
Pisando o adubo,
cotôcos de alegria,
na tera sem nada.
Cláudio Noah
25 de março de 2008
MULHER DOS OLHOS D'GUA
Mulher dos olhos d'água
Ela mal acabou de sair e já parece dias. Ainda sinto as partículas da sua presença em minha volta. Pela casa, o seu vulto, como que por teimosia, ainda insiste em se mover pelos cômodos, aonde curiosamente permaneço só. Só que este só já não é mais o mesmo. Dentro do só de agora já não sinto-me triste como nos outros antes deste. Creio que o só dela também já não é mais o mesmo. O amor parece ter muito poder sobre o tal do só. Bate-me agora uma certeza calma da indivisibilidade do átomo que somos. E isto, mesmo apesar de toda a exatidão da Física Atômica, como que exposta agora, inutilmente, nos livros que imagino ao chão e aos quais piso com pés de homem amado.
Mas, o que dizer sobre as partidas? O amor parece também ter muito poder sobre as tais das partidas. Sinto a sua falta e não há mais desespero nesta.
A falta do desespero é uma falta dentro da outra. A dela. Ponho-me a escrever como que por necessidade em poder ler e reler o que já sei sentindo. Escrever sobre o que se sabe sentir é como aguar rosas por dentro. É como tear palavras, trança-las com sentimentos para então, depois, expô-las aos olhos do mundo.
O amor parece também ter muito poder sobre a tal da distância.
A dela de mim é limitada pelo tempo. Sendo assim, não há distância, há tempos. Há o tempo com ela. Há o tempo de mim sem ela. No tempo do agora sem ela debruço-me sobre folhas de papel para pensar por letras sobre a sua presença. Mando-lhe, por esta escrita, os meus mais doces sentimentos. Que vão, então, até a orla das suas vestes , para dali, pararem diante dela e dizerem -Ele é teu! Hoje, sei estar completamente grávido dos seus olhos. Suas lembranças, como água fresca em minhas entranhas, refrigeram-me a alma e a carne. Se escrevo sobre isto, é apenas para que ela leia o que já sente sabendo. Ler que a levo por dentro de mim. Discordo de Vinicius. Isto não me é angustiante. Talvez dentre todas as mulheres que ele conheceu não houvesse nenhuma mulher dos olhos d'água.
Cláudio Noah
23 de março de 2008
Ela mal acabou de sair e já parece dias. Ainda sinto as partículas da sua presença em minha volta. Pela casa, o seu vulto, como que por teimosia, ainda insiste em se mover pelos cômodos, aonde curiosamente permaneço só. Só que este só já não é mais o mesmo. Dentro do só de agora já não sinto-me triste como nos outros antes deste. Creio que o só dela também já não é mais o mesmo. O amor parece ter muito poder sobre o tal do só. Bate-me agora uma certeza calma da indivisibilidade do átomo que somos. E isto, mesmo apesar de toda a exatidão da Física Atômica, como que exposta agora, inutilmente, nos livros que imagino ao chão e aos quais piso com pés de homem amado.
Mas, o que dizer sobre as partidas? O amor parece também ter muito poder sobre as tais das partidas. Sinto a sua falta e não há mais desespero nesta.
A falta do desespero é uma falta dentro da outra. A dela. Ponho-me a escrever como que por necessidade em poder ler e reler o que já sei sentindo. Escrever sobre o que se sabe sentir é como aguar rosas por dentro. É como tear palavras, trança-las com sentimentos para então, depois, expô-las aos olhos do mundo.
O amor parece também ter muito poder sobre a tal da distância.
A dela de mim é limitada pelo tempo. Sendo assim, não há distância, há tempos. Há o tempo com ela. Há o tempo de mim sem ela. No tempo do agora sem ela debruço-me sobre folhas de papel para pensar por letras sobre a sua presença. Mando-lhe, por esta escrita, os meus mais doces sentimentos. Que vão, então, até a orla das suas vestes , para dali, pararem diante dela e dizerem -Ele é teu! Hoje, sei estar completamente grávido dos seus olhos. Suas lembranças, como água fresca em minhas entranhas, refrigeram-me a alma e a carne. Se escrevo sobre isto, é apenas para que ela leia o que já sente sabendo. Ler que a levo por dentro de mim. Discordo de Vinicius. Isto não me é angustiante. Talvez dentre todas as mulheres que ele conheceu não houvesse nenhuma mulher dos olhos d'água.
Cláudio Noah
23 de março de 2008
terça-feira, 18 de março de 2008
MIRAGEM
............................................................................. ( The Kiss - Klint 1907 )
Miragem
Ontem me peguei pensando de novo em você, por ai,
de novo em nós dois, sem por vir, amanhã.
Hoje me peguei de novo pensando em você colibri,
que pensava uma flor num jardim muito longe.
Longe da rede na sala,
longe dos versos que fiz.
tão longe que eu nem enxergava,
um alguém muito longe sim.
Você é muito longe, fim.
Claudio Noah
14 de Março 2008
Miragem
Ontem me peguei pensando de novo em você, por ai,
de novo em nós dois, sem por vir, amanhã.
Hoje me peguei de novo pensando em você colibri,
que pensava uma flor num jardim muito longe.
Longe da rede na sala,
longe dos versos que fiz.
tão longe que eu nem enxergava,
um alguém muito longe sim.
Você é muito longe, fim.
Claudio Noah
14 de Março 2008
segunda-feira, 17 de março de 2008
PRECE AOS SELENITAS
PRECE AOS SELENITAS
Vem, mas vem ligeiro
que é melhor sair da rua,
quase nua,
quase em bruma
quase vento sem ventar,
que a noite é d'água
e não tem hora de passar.
Vem, mas vem depressa
que é melhor fugir da lua
branca e crua,
quase pluma,
nesse brilho em teu olhar
de àgua raza te dizendo pra voltar.
Vem e chegue arfante
que é melhor que estar parada
em qualquer mesa
em qualquer prosa
em qualquer bar.
Vem, mas vem ligeiro
que é melhor sair da rua,
quase nua,
quase em bruma
quase vento sem ventar,
que a noite é d'água
e não tem hora de passar.
Vem, mas vem depressa
que é melhor fugir da lua
branca e crua,
quase pluma,
nesse brilho em teu olhar
de àgua raza te dizendo pra voltar.
Vem e chegue arfante
que é melhor que estar parada
em qualquer mesa
em qualquer prosa
em qualquer bar.
Vem, mas vem agora
que é melhor não ficar fora
dessa boca que te adora
e sempre treme
e sempre cora
só em ver você chegar.
Claudio Noah
13 de março de 2008
sexta-feira, 7 de março de 2008
SOBRE PAIS E BALÕES
SOBRE PAIS E BALÕES
Eu, quando bem pequeno, eu só queria um dia ter um balão,
Pra conhecer os lugares que eu sabia haver além do portão,
Eu quando bem pequeno, só queria um dia ser o meu pai,
Pra ver o mundo como ele via, sem não ter medo jamais,
De escuro ou de lagartixa e nem de bicho-papão,
De ser o mais valente da família.
Por onde anda meu pai?
Que fim levou meu balão?
Mas pra que me perguntar, se hoje tenho um filho que também vai querer voar?
Claudio Noah
Eu, quando bem pequeno, eu só queria um dia ter um balão,
Pra conhecer os lugares que eu sabia haver além do portão,
Eu quando bem pequeno, só queria um dia ser o meu pai,
Pra ver o mundo como ele via, sem não ter medo jamais,
De escuro ou de lagartixa e nem de bicho-papão,
De ser o mais valente da família.
Por onde anda meu pai?
Que fim levou meu balão?
Mas pra que me perguntar, se hoje tenho um filho que também vai querer voar?
Claudio Noah
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
CÁRCERE
Cárcere
Na primeira vez foi olhar-te,
na segunda vez já foi tombo
dos olhos meus,
nos olhos teus,
nos teus olhos.
Lá por tantas ficara tarde,
não cabia volta ou resgate
aos olhos meus,
dos olhos teus,
dos teus olhos.
Sou recluso do teu mirar;
não planejo fuga,
não escavo túneis.
Quero estas grades pra mim,
nessa doce pena sem fim,
na clausura do teu olhar.
Claudio Noah
26/02/2008
Na primeira vez foi olhar-te,
na segunda vez já foi tombo
dos olhos meus,
nos olhos teus,
nos teus olhos.
Lá por tantas ficara tarde,
não cabia volta ou resgate
aos olhos meus,
dos olhos teus,
dos teus olhos.
Sou recluso do teu mirar;
não planejo fuga,
não escavo túneis.
Quero estas grades pra mim,
nessa doce pena sem fim,
na clausura do teu olhar.
Claudio Noah
26/02/2008
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