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domingo, 13 de setembro de 2009
ENCANTADO
Encantado
Galo cantou fim de noite,
Xangô guardou seu machado,
vento soprou na Ribeira,
beijou meu corpo suado.
No tronco da bananeira,
vou te deixar um recado
depois subir a ladeira
com meu Leão Coroado
Vento cruzado, chapéu avuô
o meu Leão vai subindo a ladeira
negros cantando cantigas de dor
a mão de quem chega traz sal e poeira
No meio da brincadeira
vou te jogar um olhado
vou me esconder na poeira
roubar teu beijo molhado
Quem levantou que mexa as cadeiras
pra que caiu um baque virado
maracatus, beijos, ladeiras
meu coração bate apressado.
Claudio Noah
domingo, 24 de maio de 2009
HERCÓLOBUS
Hercólobus
(Para Suzy Lopes)
Mesmo que a grande nave chegasse agora,
Em meio à nuvem que se evapora e te levasse ao céu.
E distante anos-luz por meu quadrante,
Mais longe que a estrela mais distante,
Nem mesmo assim.
Você não vai esquecer.
Você não vai esquecer.
Por mais que possa parecer,
Por mais que possa.
Mesmo que um astro escuro nos extinguisse,
E toda historia submergisse no imensidão azul.
Mesmo que a tua tribo ressuscitasse,
E algum poeta te decantasse,
Nem mesmo assim.
Você não vai esquecer.
Você não vai esquecer.
Por mais que possa acontecer,
Por mais que possa.
Que sequem as palavras
Mortas no teu olhar, enfim.
Mesmo o não dito,
Vai te lembrar de mim.
Claudio Noah
Outubro de 2007
domingo, 12 de abril de 2009
SAMBA NOVO
Samba Novo
No morro chove primeiro
disse um poeta certeiro
que é onde se pode avistar
o sol cadente, cançado
se despedir apressado
da moça na beira do mar
É noite a cidade brilha
fazendo do morro uma ilha
cercada de olhos que vêm
no céu a primeira estrela
mas antes que pudessem vê-la
já era do morro também
Lá de manhã, bem cedinho
os pardais cantando mansinho
vão avisando pra lua
que a noite já vai embora
e os lábios da mais nova aurora
roçam as pedras da rua
Se a moça tão importante
de pose na areia escaldante
cercada de gente tão "in"
ao menos desconfiasse
que o sol que lhe queima a face
nasce primeiro pra mim
Deixava isso tudo de lado
seu bourbon on the rock's largado
e vinha depressa assistir
os passos de um samba novo
nos pés calejados do povo
dançando pra o mundo aplaudir.
No morro chove primeiro....
Claudio Noah
A SUA MAIS NOVA CANÇÃO
A sua mais nova canção
Eu deixo o tempo apagar você
Do meu lençol, do meu jardim, da minha cara.
E aquele cara que eu queria ser,
Eu encontrei dentro do espelho lá na sala,
Pra me dizer que todas as flores que colhi pra você
Vão renascer de um novo botão,
Dizer que a rua ta querendo me ver sair,
Dizer que o tempo não parou de bater no tic-tac do meu coração
E me ensinar sua mais nova canção que diz,
Flores, não há mais nada pra dizê-las,
Só alegria em revê-las voltar,
Dores, não há mais tempo de vivê-las,
Se eu tenho a noite com mil lumes no céu.
Claudio Noah
Eu deixo o tempo apagar você
Do meu lençol, do meu jardim, da minha cara.
E aquele cara que eu queria ser,
Eu encontrei dentro do espelho lá na sala,
Pra me dizer que todas as flores que colhi pra você
Vão renascer de um novo botão,
Dizer que a rua ta querendo me ver sair,
Dizer que o tempo não parou de bater no tic-tac do meu coração
E me ensinar sua mais nova canção que diz,
Flores, não há mais nada pra dizê-las,
Só alegria em revê-las voltar,
Dores, não há mais tempo de vivê-las,
Se eu tenho a noite com mil lumes no céu.
Claudio Noah
quinta-feira, 9 de abril de 2009
AMOR TRANSCEDENTAL
AMOR TRANSCEDENTAL
Já ando meio cansado
do Buda sentado
sorrindo no corredor.
N a porta é tanto pingente
que até pára gente
procurando o benzedor.
Lembro da blusa bacana
de seda indiana
que um dia ela me comprou.
Já sai tanto com ela
que era amarela
e agora é furta-cor.
No dia-a-dia da menina
é tanto hare, hare..
é tanto chakra é tanto mantra (REFRÂO)
e até defumador!
Se la medita, eu desespero.
E digo pare, pare!
Menina vamos botar fogo nesse amor.
O nosso rango é frugal,
tem arroz integral,
tofu, soja, banchá, missô.
Ela mastiga contente
e eu assim tão carente
de bacon com tornedor.
Não tenho jeito pra Lama
e se a noite na cama
procuro por seu calor,
ela me diz que é tolice,
que eu vire um dervixe
e transcenda o carnal do amor!
No dia-a-dia da menina
é tanto hare, hare..
é tanto chakra é tanto mantra (REFRÂO)
e até defumador!
Se ela medita, eu desespero.
E digo pare, pare!
Menina vamos botar fogo nesse amor.
Claudio Noah
04.10.2007.
Já ando meio cansado
do Buda sentado
sorrindo no corredor.
N a porta é tanto pingente
que até pára gente
procurando o benzedor.
Lembro da blusa bacana
de seda indiana
que um dia ela me comprou.
Já sai tanto com ela
que era amarela
e agora é furta-cor.
No dia-a-dia da menina
é tanto hare, hare..
é tanto chakra é tanto mantra (REFRÂO)
e até defumador!
Se la medita, eu desespero.
E digo pare, pare!
Menina vamos botar fogo nesse amor.
O nosso rango é frugal,
tem arroz integral,
tofu, soja, banchá, missô.
Ela mastiga contente
e eu assim tão carente
de bacon com tornedor.
Não tenho jeito pra Lama
e se a noite na cama
procuro por seu calor,
ela me diz que é tolice,
que eu vire um dervixe
e transcenda o carnal do amor!
No dia-a-dia da menina
é tanto hare, hare..
é tanto chakra é tanto mantra (REFRÂO)
e até defumador!
Se ela medita, eu desespero.
E digo pare, pare!
Menina vamos botar fogo nesse amor.
Claudio Noah
04.10.2007.
A SAIA E A PONTE
A SAIA E A PONTE
Boca do mar
boca do mar, boca do rio
boca do mar, por onde anda meu amor
boca do mar
boca do mar, boca do rio
ela saiu num navio e até hoje não voltou
O Capibaribe correu pro meio das águas do mar,
o meu olhar se perdeu no passo do teu caminhar.
Olha a saia da moça que o vento faz força querendo levar,
Sua boca pintada sorrindo e gostando do vento que dá,
O seu corpo é bonito, parece um feitiço que o rio me jogou,
Sua pele dourada no sal temperada tem cheiro de flor.
Seu andar de pecado é chicote malvado ferindo quem vê,
É peixeira afiada cortando meu peito com o seu remexer,
Eu já esqueci aonde ia,
minha boca vadia sorri por ter ver,
Vou fazendo uma prece,
pedindo que o vento me mostre você.
Claudio Noah
Boca do mar
boca do mar, boca do rio
boca do mar, por onde anda meu amor
boca do mar
boca do mar, boca do rio
ela saiu num navio e até hoje não voltou
O Capibaribe correu pro meio das águas do mar,
o meu olhar se perdeu no passo do teu caminhar.
Olha a saia da moça que o vento faz força querendo levar,
Sua boca pintada sorrindo e gostando do vento que dá,
O seu corpo é bonito, parece um feitiço que o rio me jogou,
Sua pele dourada no sal temperada tem cheiro de flor.
Seu andar de pecado é chicote malvado ferindo quem vê,
É peixeira afiada cortando meu peito com o seu remexer,
Eu já esqueci aonde ia,
minha boca vadia sorri por ter ver,
Vou fazendo uma prece,
pedindo que o vento me mostre você.
Claudio Noah
PONTEIRO, SAUDADE E LUA (Xote da Saudade)
PONTEIRO, SAUDADE E LUA
(Xote da Saudade)
Do tempo em que vim embora
Só trago lembrança tua,
Punhal vazado da hora,
Ponteiro, saudade e lua.
Farrapos de sentimento,
Nessa tristeza tardia,
Na alma dunas de vento
Na boca sêca vazia.
No peito algo estoura,
Mexe, geme, flutua,
Me sai teu nome afora,
Correndo nu pela rua.
O verso então se evapora,
No sumidouro do dia,
Mente que me ignora,
Finjo que me esquecia.
Claudio Noah
sexta-feira, 6 de março de 2009
OS HOMENS
.........................................................Tarsila do Amaral - ‘Operários’-1933
OS HOMENS
O cego que ensina qual o caminho,
que mais parece um santo de colarinho,
professa a fé mais nova,promete trigo e mel
e assim vai loteando o céu.
O rico que acalanta o seu tesouro,
orgulha-se das tranças do filho loiro.
O píncaro da raça vai ofertar um não,
se alguém na rua pede um pão.
Um pra cantar nos bares,
um procurando olhares,
um qual canoa na maré.
Um mais um em milhares,
qual tipo desses você é?
O herói que limpa e lustra sua armadura,
na mão que limpa o cobre, tanta candura.
Se alguém toca um dobrado, em nome do país,
mata, trucida e pede bis.
O douto que legisla pra tribo inteira,
que se arrepia inteiro sob a bandeira,
nas sombras dos palácios,
garante o seu bourbon
e pede aumento no jetom.
Um pra cantar nos bares,
um procurando olhares,
um qual canoa na maré.
Um mais um em milhares,
qual tipo desses você é?
Claudio Noah
OS HOMENS
O cego que ensina qual o caminho,
que mais parece um santo de colarinho,
professa a fé mais nova,promete trigo e mel
e assim vai loteando o céu.
O rico que acalanta o seu tesouro,
orgulha-se das tranças do filho loiro.
O píncaro da raça vai ofertar um não,
se alguém na rua pede um pão.
Um pra cantar nos bares,
um procurando olhares,
um qual canoa na maré.
Um mais um em milhares,
qual tipo desses você é?
O herói que limpa e lustra sua armadura,
na mão que limpa o cobre, tanta candura.
Se alguém toca um dobrado, em nome do país,
mata, trucida e pede bis.
O douto que legisla pra tribo inteira,
que se arrepia inteiro sob a bandeira,
nas sombras dos palácios,
garante o seu bourbon
e pede aumento no jetom.
Um pra cantar nos bares,
um procurando olhares,
um qual canoa na maré.
Um mais um em milhares,
qual tipo desses você é?
Claudio Noah
sábado, 28 de fevereiro de 2009
EU SÓ ANDO A PÉ
............................................................................................ foto: Sebastião Salgado
EU SÓ ANDO A PÉ
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé sim senhor.
Mas pro mesmo lugar que o doutor vai eu vou,
pro mesmo lugar eu vou.
O bom Deus criador desse lugar, não fez muro, divisa nem fronteira
É do homem a mão dessa besteira que oprime, humilha e faz chorar.
Fez da vida um jogo de azar,
arriscando entre o nada e a riqueza,
de um pedaço de pão à farta mesa,
de comer cabelouro ou bacalhau,
de andar de santana ou de rural,
de nascer pra leão ou para presa.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Mas pro mesmo lugar que o doutor vai eu vou,
pro mesmo lugar eu vou!
Se é de carro importado ou guarda-chuva,
não precisa de pressa pra chegar,
se a camisa é de chita ou tafetá,
se tem mão para enxada ou para luva,
se roer macaíba ou chupar uva,
se comer tanajura ou caviar,
se é inquilino ou dono do lugar,
se usar adoçante ou rapadura,
Está na terra o fim da criatura,
ou na cinza que o vento vai levar.
Claudio Noah
EU SÓ ANDO A PÉ
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé sim senhor.
Mas pro mesmo lugar que o doutor vai eu vou,
pro mesmo lugar eu vou.
O bom Deus criador desse lugar, não fez muro, divisa nem fronteira
É do homem a mão dessa besteira que oprime, humilha e faz chorar.
Fez da vida um jogo de azar,
arriscando entre o nada e a riqueza,
de um pedaço de pão à farta mesa,
de comer cabelouro ou bacalhau,
de andar de santana ou de rural,
de nascer pra leão ou para presa.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Mas pro mesmo lugar que o doutor vai eu vou,
pro mesmo lugar eu vou!
Se é de carro importado ou guarda-chuva,
não precisa de pressa pra chegar,
se a camisa é de chita ou tafetá,
se tem mão para enxada ou para luva,
se roer macaíba ou chupar uva,
se comer tanajura ou caviar,
se é inquilino ou dono do lugar,
se usar adoçante ou rapadura,
Está na terra o fim da criatura,
ou na cinza que o vento vai levar.
Claudio Noah
QUEIMADO
Queimado
A cigana, lendo carteado,
Me disse sua hora chegou,
Abriu o meu corpo fechado,
E meu coração calibrou.
Me deu um cordão encantado,
Para os labirintos do amor,
Fui longe e parei assustado,
Ao ver que o cordão se quebrou
Fiz reza ascendendo fogueira
Pra alumiar meu caminho
E o vento do amor, na soleira
Fez cinza das brasas do pinho
Se eu quis buscar mais ciência
Pros becos do amor conhecer
Foi gemendo na dor de uma ausência
Que eu consegui entender
Que o amor é um fio descascado
Na ponta das línguas no cio
Por isso que mesmo queimado
Eu sigo lambendo esse fio.
Claudio Noah
Recife, 26 de março de 2004
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
O AMOR
O amor
Amo-te tanto que nem preciso de você no te amar.
Amor sem fôrma ou forma.
Amor nos guardanapos que trago para casa,
nos meus bolsos pelos fins de noite.
Amor na minha mão me amando só.
Amor na hortelã do creme dental toda manhã.
Amor na catraca dos coletivos, quando passo.
Amor derramado nos copos.
Amor colado nas paredes lá de casa.
Amor refletido no sol dentro dos dias.
Amo-te tanto que nem preciso de você no te amar.
Amor nas latas de lixo.
Amor nos muros que picho sem pichar.
Amor nos olhos dos outros que nunca te viram.
E eu te mirando.
Amo-te tanto que tenho medo da tua presença.
Como seria você no tudo?
Quem seria eu?
Qual fronteira traçar entro nós?
Meu grande amor, amar é nó ou laço?
.
Cláudio Noah
Outubro de 2007
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