Os objetos dela me fascinam.
Seus adornos, seus perfumes, suas jóias.
Por vezes, sinto vontade de ser um destes
destes que estão na sua presença todos os dias
Amo o seu lápis, sua agenda, suas roupas.
E ali, calado admirador,
guardo-os todos na minha memória
como se fossem pequenos satélites
orbitando em sua volta.
Ah, que me dera ficar colado em sua pele como as tatuagens que ela tem!
Claudio Noah
Fevereiro/2012
Claudio Noah
claudionoah@hotmail.com (81) 9733-0060 (Tim) (81) 8761-5100 (Oi)
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Mergulho -Deep in thought
(Pra Suzinha)
É destino do dia, ocaso
é destino da pedra o pó
é destino de santa, pecado
é destino do trigo a mó.
A certeza do olho, saudade
a certeza da folha é chão
a certeza de mãe é bondade
a certeza de osso é cão.
É destino da boca, desejo
é destino do favo o mel
é destino de corda, harpejo
é destino do vento o céu.
A certeza da rede é sesta
a certeza do rato é porão
a certeza de ruga é testa
a certeza de lápis é mão.
É destino da fome, cangaço
é destino de peixe o anzol
é destino do cio, cansaço
é destino da luz o farol.
A certeza da linha é bonde
a certeza da vida é morrer
a certeza do ali é aonde
a certeza em mim é você.
Claudio Noah
18.11.2010
(Pra Suzinha)
É destino do dia, ocaso
é destino da pedra o pó
é destino de santa, pecado
é destino do trigo a mó.
A certeza do olho, saudade
a certeza da folha é chão
a certeza de mãe é bondade
a certeza de osso é cão.
É destino da boca, desejo
é destino do favo o mel
é destino de corda, harpejo
é destino do vento o céu.
A certeza da rede é sesta
a certeza do rato é porão
a certeza de ruga é testa
a certeza de lápis é mão.
É destino da fome, cangaço
é destino de peixe o anzol
é destino do cio, cansaço
é destino da luz o farol.
A certeza da linha é bonde
a certeza da vida é morrer
a certeza do ali é aonde
a certeza em mim é você.
Claudio Noah
18.11.2010
é
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Saudades do Ipê
Saudades do Ipê
Iêe gado roxo!
Iêe boi formoso!
Iê boi!
Iê boi!
Não temi azar nem sorte
no tropel da madrugada
bom peão não teme a morte
nessa vida disparada
Êita vida de cigano
minha casa, minha estrada
onde pude ouvir cantando
no sereno a passarada
Olha eu boi
Olha eu boiada
No anseio anseio de menino
"cavalgar sem ter parada"
fui cumprindo esse destino
comitiva sem chegada
Quem não para desatina
nos sem fim deste cerrado
entre pasto, cela e crina
fui ficando enluarado.
Olha eu boi
Olha eu boiada
Hoje quem me vê sorrindo
não percebe meus enganos
para os meus fui rês de corte
fui coringa dos seus planos
Passam dias, passam tempos
por mim não passa mais nada
vou tangendo pensamentos
meu quinhão, minha boiada
Olha eu boi
Olha eu boiada
Claudio Noah 11.11.2010
domingo, 7 de novembro de 2010
No Arrebol
Um raio, um tiro, um beijo
Overdose de se ver
Que passa e passa, nunca vai
E pula e voa e salta
Nos meus olhos devagar
Que fica e fica, nunca sai
A rua, o mundo, tudo pra você
Chegar, chegar
Estrela, lua, verso e vento
Por te ver aqui
Será que hoje tem você?
Sabe lá, sei lá!
Pensei te ver
No arrebol
Quem sabe amanhã?
Claudio Noah
Recife, 07 de Outubro de 2010.
Overdose de se ver
Que passa e passa, nunca vai
E pula e voa e salta
Nos meus olhos devagar
Que fica e fica, nunca sai
A rua, o mundo, tudo pra você
Chegar, chegar
Estrela, lua, verso e vento
Por te ver aqui
Será que hoje tem você?
Sabe lá, sei lá!
Pensei te ver
No arrebol
Quem sabe amanhã?
Claudio Noah
Recife, 07 de Outubro de 2010.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
O PAPAGAIO E A LINHA
PAPAGAIO E A LINHA
O pulo na água do mar
Um dia pra não esquecer
Era menino no meu começar
E o tempo danado a correr
O horizonte tinha
matizes das cores que tem
O papagaio e a linha
Meus sonhos voando ao sol
Não tenha pressa moço
Que a vida te ensina o porque
Não se avexe moço
Há dias que é só de viver, voar!
Claudio Noah
Termino 08/07/10
domingo, 13 de setembro de 2009
ENCANTADO
Encantado
Galo cantou fim de noite,
Xangô guardou seu machado,
vento soprou na Ribeira,
beijou meu corpo suado.
No tronco da bananeira,
vou te deixar um recado
depois subir a ladeira
com meu Leão Coroado
Vento cruzado, chapéu avuô
o meu Leão vai subindo a ladeira
negros cantando cantigas de dor
a mão de quem chega traz sal e poeira
No meio da brincadeira
vou te jogar um olhado
vou me esconder na poeira
roubar teu beijo molhado
Quem levantou que mexa as cadeiras
pra que caiu um baque virado
maracatus, beijos, ladeiras
meu coração bate apressado.
Claudio Noah
domingo, 24 de maio de 2009
HERCÓLOBUS
Hercólobus
(Para Suzy Lopes)
Mesmo que a grande nave chegasse agora,
Em meio à nuvem que se evapora e te levasse ao céu.
E distante anos-luz por meu quadrante,
Mais longe que a estrela mais distante,
Nem mesmo assim.
Você não vai esquecer.
Você não vai esquecer.
Por mais que possa parecer,
Por mais que possa.
Mesmo que um astro escuro nos extinguisse,
E toda historia submergisse no imensidão azul.
Mesmo que a tua tribo ressuscitasse,
E algum poeta te decantasse,
Nem mesmo assim.
Você não vai esquecer.
Você não vai esquecer.
Por mais que possa acontecer,
Por mais que possa.
Que sequem as palavras
Mortas no teu olhar, enfim.
Mesmo o não dito,
Vai te lembrar de mim.
Claudio Noah
Outubro de 2007
domingo, 12 de abril de 2009
SAMBA NOVO
Samba Novo
No morro chove primeiro
disse um poeta certeiro
que é onde se pode avistar
o sol cadente, cançado
se despedir apressado
da moça na beira do mar
É noite a cidade brilha
fazendo do morro uma ilha
cercada de olhos que vêm
no céu a primeira estrela
mas antes que pudessem vê-la
já era do morro também
Lá de manhã, bem cedinho
os pardais cantando mansinho
vão avisando pra lua
que a noite já vai embora
e os lábios da mais nova aurora
roçam as pedras da rua
Se a moça tão importante
de pose na areia escaldante
cercada de gente tão "in"
ao menos desconfiasse
que o sol que lhe queima a face
nasce primeiro pra mim
Deixava isso tudo de lado
seu bourbon on the rock's largado
e vinha depressa assistir
os passos de um samba novo
nos pés calejados do povo
dançando pra o mundo aplaudir.
No morro chove primeiro....
Claudio Noah
A SUA MAIS NOVA CANÇÃO
A sua mais nova canção
Eu deixo o tempo apagar você
Do meu lençol, do meu jardim, da minha cara.
E aquele cara que eu queria ser,
Eu encontrei dentro do espelho lá na sala,
Pra me dizer que todas as flores que colhi pra você
Vão renascer de um novo botão,
Dizer que a rua ta querendo me ver sair,
Dizer que o tempo não parou de bater no tic-tac do meu coração
E me ensinar sua mais nova canção que diz,
Flores, não há mais nada pra dizê-las,
Só alegria em revê-las voltar,
Dores, não há mais tempo de vivê-las,
Se eu tenho a noite com mil lumes no céu.
Claudio Noah
Eu deixo o tempo apagar você
Do meu lençol, do meu jardim, da minha cara.
E aquele cara que eu queria ser,
Eu encontrei dentro do espelho lá na sala,
Pra me dizer que todas as flores que colhi pra você
Vão renascer de um novo botão,
Dizer que a rua ta querendo me ver sair,
Dizer que o tempo não parou de bater no tic-tac do meu coração
E me ensinar sua mais nova canção que diz,
Flores, não há mais nada pra dizê-las,
Só alegria em revê-las voltar,
Dores, não há mais tempo de vivê-las,
Se eu tenho a noite com mil lumes no céu.
Claudio Noah
quinta-feira, 9 de abril de 2009
AMOR TRANSCEDENTAL
AMOR TRANSCEDENTAL
Já ando meio cansado
do Buda sentado
sorrindo no corredor.
N a porta é tanto pingente
que até pára gente
procurando o benzedor.
Lembro da blusa bacana
de seda indiana
que um dia ela me comprou.
Já sai tanto com ela
que era amarela
e agora é furta-cor.
No dia-a-dia da menina
é tanto hare, hare..
é tanto chakra é tanto mantra (REFRÂO)
e até defumador!
Se la medita, eu desespero.
E digo pare, pare!
Menina vamos botar fogo nesse amor.
O nosso rango é frugal,
tem arroz integral,
tofu, soja, banchá, missô.
Ela mastiga contente
e eu assim tão carente
de bacon com tornedor.
Não tenho jeito pra Lama
e se a noite na cama
procuro por seu calor,
ela me diz que é tolice,
que eu vire um dervixe
e transcenda o carnal do amor!
No dia-a-dia da menina
é tanto hare, hare..
é tanto chakra é tanto mantra (REFRÂO)
e até defumador!
Se ela medita, eu desespero.
E digo pare, pare!
Menina vamos botar fogo nesse amor.
Claudio Noah
04.10.2007.
Já ando meio cansado
do Buda sentado
sorrindo no corredor.
N a porta é tanto pingente
que até pára gente
procurando o benzedor.
Lembro da blusa bacana
de seda indiana
que um dia ela me comprou.
Já sai tanto com ela
que era amarela
e agora é furta-cor.
No dia-a-dia da menina
é tanto hare, hare..
é tanto chakra é tanto mantra (REFRÂO)
e até defumador!
Se la medita, eu desespero.
E digo pare, pare!
Menina vamos botar fogo nesse amor.
O nosso rango é frugal,
tem arroz integral,
tofu, soja, banchá, missô.
Ela mastiga contente
e eu assim tão carente
de bacon com tornedor.
Não tenho jeito pra Lama
e se a noite na cama
procuro por seu calor,
ela me diz que é tolice,
que eu vire um dervixe
e transcenda o carnal do amor!
No dia-a-dia da menina
é tanto hare, hare..
é tanto chakra é tanto mantra (REFRÂO)
e até defumador!
Se ela medita, eu desespero.
E digo pare, pare!
Menina vamos botar fogo nesse amor.
Claudio Noah
04.10.2007.
A SAIA E A PONTE
A SAIA E A PONTE
Boca do mar
boca do mar, boca do rio
boca do mar, por onde anda meu amor
boca do mar
boca do mar, boca do rio
ela saiu num navio e até hoje não voltou
O Capibaribe correu pro meio das águas do mar,
o meu olhar se perdeu no passo do teu caminhar.
Olha a saia da moça que o vento faz força querendo levar,
Sua boca pintada sorrindo e gostando do vento que dá,
O seu corpo é bonito, parece um feitiço que o rio me jogou,
Sua pele dourada no sal temperada tem cheiro de flor.
Seu andar de pecado é chicote malvado ferindo quem vê,
É peixeira afiada cortando meu peito com o seu remexer,
Eu já esqueci aonde ia,
minha boca vadia sorri por ter ver,
Vou fazendo uma prece,
pedindo que o vento me mostre você.
Claudio Noah
Boca do mar
boca do mar, boca do rio
boca do mar, por onde anda meu amor
boca do mar
boca do mar, boca do rio
ela saiu num navio e até hoje não voltou
O Capibaribe correu pro meio das águas do mar,
o meu olhar se perdeu no passo do teu caminhar.
Olha a saia da moça que o vento faz força querendo levar,
Sua boca pintada sorrindo e gostando do vento que dá,
O seu corpo é bonito, parece um feitiço que o rio me jogou,
Sua pele dourada no sal temperada tem cheiro de flor.
Seu andar de pecado é chicote malvado ferindo quem vê,
É peixeira afiada cortando meu peito com o seu remexer,
Eu já esqueci aonde ia,
minha boca vadia sorri por ter ver,
Vou fazendo uma prece,
pedindo que o vento me mostre você.
Claudio Noah
PONTEIRO, SAUDADE E LUA (Xote da Saudade)
PONTEIRO, SAUDADE E LUA
(Xote da Saudade)
Do tempo em que vim embora
Só trago lembrança tua,
Punhal vazado da hora,
Ponteiro, saudade e lua.
Farrapos de sentimento,
Nessa tristeza tardia,
Na alma dunas de vento
Na boca sêca vazia.
No peito algo estoura,
Mexe, geme, flutua,
Me sai teu nome afora,
Correndo nu pela rua.
O verso então se evapora,
No sumidouro do dia,
Mente que me ignora,
Finjo que me esquecia.
Claudio Noah
sexta-feira, 6 de março de 2009
OS HOMENS
.........................................................Tarsila do Amaral - ‘Operários’-1933
OS HOMENS
O cego que ensina qual o caminho,
que mais parece um santo de colarinho,
professa a fé mais nova,promete trigo e mel
e assim vai loteando o céu.
O rico que acalanta o seu tesouro,
orgulha-se das tranças do filho loiro.
O píncaro da raça vai ofertar um não,
se alguém na rua pede um pão.
Um pra cantar nos bares,
um procurando olhares,
um qual canoa na maré.
Um mais um em milhares,
qual tipo desses você é?
O herói que limpa e lustra sua armadura,
na mão que limpa o cobre, tanta candura.
Se alguém toca um dobrado, em nome do país,
mata, trucida e pede bis.
O douto que legisla pra tribo inteira,
que se arrepia inteiro sob a bandeira,
nas sombras dos palácios,
garante o seu bourbon
e pede aumento no jetom.
Um pra cantar nos bares,
um procurando olhares,
um qual canoa na maré.
Um mais um em milhares,
qual tipo desses você é?
Claudio Noah
OS HOMENS
O cego que ensina qual o caminho,
que mais parece um santo de colarinho,
professa a fé mais nova,promete trigo e mel
e assim vai loteando o céu.
O rico que acalanta o seu tesouro,
orgulha-se das tranças do filho loiro.
O píncaro da raça vai ofertar um não,
se alguém na rua pede um pão.
Um pra cantar nos bares,
um procurando olhares,
um qual canoa na maré.
Um mais um em milhares,
qual tipo desses você é?
O herói que limpa e lustra sua armadura,
na mão que limpa o cobre, tanta candura.
Se alguém toca um dobrado, em nome do país,
mata, trucida e pede bis.
O douto que legisla pra tribo inteira,
que se arrepia inteiro sob a bandeira,
nas sombras dos palácios,
garante o seu bourbon
e pede aumento no jetom.
Um pra cantar nos bares,
um procurando olhares,
um qual canoa na maré.
Um mais um em milhares,
qual tipo desses você é?
Claudio Noah
sábado, 28 de fevereiro de 2009
EU SÓ ANDO A PÉ
............................................................................................ foto: Sebastião Salgado
EU SÓ ANDO A PÉ
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé sim senhor.
Mas pro mesmo lugar que o doutor vai eu vou,
pro mesmo lugar eu vou.
O bom Deus criador desse lugar, não fez muro, divisa nem fronteira
É do homem a mão dessa besteira que oprime, humilha e faz chorar.
Fez da vida um jogo de azar,
arriscando entre o nada e a riqueza,
de um pedaço de pão à farta mesa,
de comer cabelouro ou bacalhau,
de andar de santana ou de rural,
de nascer pra leão ou para presa.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Mas pro mesmo lugar que o doutor vai eu vou,
pro mesmo lugar eu vou!
Se é de carro importado ou guarda-chuva,
não precisa de pressa pra chegar,
se a camisa é de chita ou tafetá,
se tem mão para enxada ou para luva,
se roer macaíba ou chupar uva,
se comer tanajura ou caviar,
se é inquilino ou dono do lugar,
se usar adoçante ou rapadura,
Está na terra o fim da criatura,
ou na cinza que o vento vai levar.
Claudio Noah
EU SÓ ANDO A PÉ
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé sim senhor.
Mas pro mesmo lugar que o doutor vai eu vou,
pro mesmo lugar eu vou.
O bom Deus criador desse lugar, não fez muro, divisa nem fronteira
É do homem a mão dessa besteira que oprime, humilha e faz chorar.
Fez da vida um jogo de azar,
arriscando entre o nada e a riqueza,
de um pedaço de pão à farta mesa,
de comer cabelouro ou bacalhau,
de andar de santana ou de rural,
de nascer pra leão ou para presa.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Eu só ando a pé, eu só ando a pé seu doutor.
Mas pro mesmo lugar que o doutor vai eu vou,
pro mesmo lugar eu vou!
Se é de carro importado ou guarda-chuva,
não precisa de pressa pra chegar,
se a camisa é de chita ou tafetá,
se tem mão para enxada ou para luva,
se roer macaíba ou chupar uva,
se comer tanajura ou caviar,
se é inquilino ou dono do lugar,
se usar adoçante ou rapadura,
Está na terra o fim da criatura,
ou na cinza que o vento vai levar.
Claudio Noah
QUEIMADO
Queimado
A cigana, lendo carteado,
Me disse sua hora chegou,
Abriu o meu corpo fechado,
E meu coração calibrou.
Me deu um cordão encantado,
Para os labirintos do amor,
Fui longe e parei assustado,
Ao ver que o cordão se quebrou
Fiz reza ascendendo fogueira
Pra alumiar meu caminho
E o vento do amor, na soleira
Fez cinza das brasas do pinho
Se eu quis buscar mais ciência
Pros becos do amor conhecer
Foi gemendo na dor de uma ausência
Que eu consegui entender
Que o amor é um fio descascado
Na ponta das línguas no cio
Por isso que mesmo queimado
Eu sigo lambendo esse fio.
Claudio Noah
Recife, 26 de março de 2004
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
O AMOR
O amor
Amo-te tanto que nem preciso de você no te amar.
Amor sem fôrma ou forma.
Amor nos guardanapos que trago para casa,
nos meus bolsos pelos fins de noite.
Amor na minha mão me amando só.
Amor na hortelã do creme dental toda manhã.
Amor na catraca dos coletivos, quando passo.
Amor derramado nos copos.
Amor colado nas paredes lá de casa.
Amor refletido no sol dentro dos dias.
Amo-te tanto que nem preciso de você no te amar.
Amor nas latas de lixo.
Amor nos muros que picho sem pichar.
Amor nos olhos dos outros que nunca te viram.
E eu te mirando.
Amo-te tanto que tenho medo da tua presença.
Como seria você no tudo?
Quem seria eu?
Qual fronteira traçar entro nós?
Meu grande amor, amar é nó ou laço?
.
Cláudio Noah
Outubro de 2007
terça-feira, 1 de julho de 2008
O MAR E EU
O Mar e Eu
O mar e eu já brincamos demais.
Ele com suas Sereias, eu com as Ninfas do cais.
O mar e eu nos machucamos demais.
Ele nas pedras dos diques, eu no meu peito fugaz.
Se a lua o mar encandeia, ateia lembranças em mim.
O vento que te despenteia me traz um olor de jasmim.
Deixastes pegadas na areia que o mar apagou bem cedim.
No meu coração, que aperreia, deixastes saudades sem fim.
O mar e eu já mareamos demais.
O mar do cantar das Sereias.
Eu, do que a vida me faz.
Cláudio Noah
Junho de 2005
O mar e eu já brincamos demais.
Ele com suas Sereias, eu com as Ninfas do cais.
O mar e eu nos machucamos demais.
Ele nas pedras dos diques, eu no meu peito fugaz.
Se a lua o mar encandeia, ateia lembranças em mim.
O vento que te despenteia me traz um olor de jasmim.
Deixastes pegadas na areia que o mar apagou bem cedim.
No meu coração, que aperreia, deixastes saudades sem fim.
O mar e eu já mareamos demais.
O mar do cantar das Sereias.
Eu, do que a vida me faz.
Cláudio Noah
Junho de 2005
SETEMBRO
SETEMBRO
Don’t be afraid high now
if the world it’s not in peace.
Don’t waste your time,
please come to dance,
please come to dance with me.
Tempos de Antraz e um cheiro de gás no meu nariz,
me faz perceber o amor quase por um triz.
Uirapurus, araras-azuis, micos-saguis,
em extinção, um coração me diz.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança.
Loucas canções, reagges, baiões, no meu Apê.
Eu fumo demais e o trago não traz você.
No meu madrigal, novela fatal, o espelho me diz,
que sonha poder, me refletir feliz.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança
Nos campos, quartéis, lares, bordéis, são tantos meu ais.
E esta canção por lhe desejar demais.
Não sou surreal, Picasso, Chagal, tão pouco Dahli.
Mais vai ser legal se você pintar aqui.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança
Claudio Noah
Don’t be afraid high now
if the world it’s not in peace.
Don’t waste your time,
please come to dance,
please come to dance with me.
Tempos de Antraz e um cheiro de gás no meu nariz,
me faz perceber o amor quase por um triz.
Uirapurus, araras-azuis, micos-saguis,
em extinção, um coração me diz.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança.
Loucas canções, reagges, baiões, no meu Apê.
Eu fumo demais e o trago não traz você.
No meu madrigal, novela fatal, o espelho me diz,
que sonha poder, me refletir feliz.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança
Nos campos, quartéis, lares, bordéis, são tantos meu ais.
E esta canção por lhe desejar demais.
Não sou surreal, Picasso, Chagal, tão pouco Dahli.
Mais vai ser legal se você pintar aqui.
Não tenha medo não,
se o mundo balança.
Não perca tempo não,
me chame pra dança
Claudio Noah
segunda-feira, 12 de maio de 2008
ABSOLUTO
....................................................foto: Kleber Noah
Absoluto
Palavras soam diferentes
se você está por perto.
Tudo tem um brilho assim
de um jeito que não sei dizer.
Certezas perdem o sentido,
tudo se entorta,
o momento é tão intenso que jamais, jamais, jamais...
O menino que há em mim
lhe olha agora
e inventa mil loucuras
pra encantar você!
As cores giram a tua volta,
as nuvens mudam de lugar,
e não se sabe ao certo a estação,
mas nada importa mais.
A flor que cai no teu caminho
busca em vão, o precipício do teu lábio,
onde a minha queda não tem fim.
O menino que há em mim
lhe olha agorae inventa mil loucuras
pra encantar você!
Você que é muito, muito...
há tanta coisa por dizer!
Pra você que é muito, muito...
Mas tudo se resume ao fato absoluto
que gosto muito de você.
Cláudio Noah
Absoluto
Palavras soam diferentes
se você está por perto.
Tudo tem um brilho assim
de um jeito que não sei dizer.
Certezas perdem o sentido,
tudo se entorta,
o momento é tão intenso que jamais, jamais, jamais...
O menino que há em mim
lhe olha agora
e inventa mil loucuras
pra encantar você!
As cores giram a tua volta,
as nuvens mudam de lugar,
e não se sabe ao certo a estação,
mas nada importa mais.
A flor que cai no teu caminho
busca em vão, o precipício do teu lábio,
onde a minha queda não tem fim.
O menino que há em mim
lhe olha agorae inventa mil loucuras
pra encantar você!
Você que é muito, muito...
há tanta coisa por dizer!
Pra você que é muito, muito...
Mas tudo se resume ao fato absoluto
que gosto muito de você.
Cláudio Noah
ABRACADABRA
Abracadabra
Nos curtos versos que faço
concreto a palavra-dura
no canto da criatura
areia, cimento e traço.
Ao olho que se esbugalha
na fúria deste lamento,
oferto neste momento
o corte de uma navalha!
Sou papagaio arretado,
Não tenho papa na língua,
Não trago cisto nem íngua,
Nem posso ficar calado.
Pra cantilena enfadonha
que chega lá do planalto,
é fácil tapar asfalto,
difícil é tapar vergonha!
Abracadabra, abra a cabeça,
Open your mind, my friend.
Doutores e seus anéis,
senhores de bolsos fartos,
gemendo nus pelos quartos
de insuspeitáveis bordéis.
Na sordidez de um orgasmo
comprado com vil metal,
baba como animal,
no derradeiro espasmo.
Fantoches dos coronéis,
nas sombras dos gabinetes,
seguem cantando em falcete
no ouvido dos seus fiéis.
Enquanto isto nas ruas,
andando tais quais zumbis,
o povo lembra infeliz
quinhentos anos de luas.
Abracadabra, abra a cabeça,
Open your mind, my friend.
Sei que serei condenado,
mas vou seguir maldizendo
aquele que está fazendo
farra com meu trocado.
Portanto não se esqueça
desta mortal criatura,
usando a palavra-dura
pra te abrir a cabeça.
Claudio Noah
Nos curtos versos que faço
concreto a palavra-dura
no canto da criatura
areia, cimento e traço.
Ao olho que se esbugalha
na fúria deste lamento,
oferto neste momento
o corte de uma navalha!
Sou papagaio arretado,
Não tenho papa na língua,
Não trago cisto nem íngua,
Nem posso ficar calado.
Pra cantilena enfadonha
que chega lá do planalto,
é fácil tapar asfalto,
difícil é tapar vergonha!
Abracadabra, abra a cabeça,
Open your mind, my friend.
Doutores e seus anéis,
senhores de bolsos fartos,
gemendo nus pelos quartos
de insuspeitáveis bordéis.
Na sordidez de um orgasmo
comprado com vil metal,
baba como animal,
no derradeiro espasmo.
Fantoches dos coronéis,
nas sombras dos gabinetes,
seguem cantando em falcete
no ouvido dos seus fiéis.
Enquanto isto nas ruas,
andando tais quais zumbis,
o povo lembra infeliz
quinhentos anos de luas.
Abracadabra, abra a cabeça,
Open your mind, my friend.
Sei que serei condenado,
mas vou seguir maldizendo
aquele que está fazendo
farra com meu trocado.
Portanto não se esqueça
desta mortal criatura,
usando a palavra-dura
pra te abrir a cabeça.
Claudio Noah
terça-feira, 1 de abril de 2008
ATRIZ
De quê será que é feita
a alma da atriz?
De colorida cêra?
De perfumado aniz?
Sua boca quando cala,
o que será que diz?
As mais doces promessas?
Serão cruéis ardis?
Sua pele quando roça
uma outra em seu afã,
será pele de moça?
será de anciã?
Como será que acorda
a estrela na manhã?
Terá lábios de figo?
Terá peitos de lã?
Como será que acaba
a cena a que não vim?
Será que vai embora?
Será que fica em mim?
Quiz traduzir num verso
a mão que segurei,
mas desisti cansado,
jamais conseguirei.
Pois percebi, calado,
que tens as minhas mãos,
para sempre agarradas,
ao teu coração!
(Com todo carinho do mundo para Suzy Lopes.)
Claudio Noah
ÀGUAS DE MANAÍRA
Àguas de Manaíra
As águas de Manaíra enchem-me os olhos
com os olhos da mina dos cabelos de fogo
e os da moça das águas nos olhos e anel de satélite
que brilha e reflete meus olhos nos olhos dela.
?Qual mesmo o tamanho do cais em que andavas?
?E as cores da saia da menina-dos-olhos d’água e anel de satélite
embrulhando-me com a saia
tal qual presente pra santa das águas de Manaíra
vestes sacerdotais que sussurrava ventos
me arranhando os mamilos cais adentro?
Mas onde mesmo moram a minas de Manaíra
que embrulham gente nas vestes
usam anéis de satélite e cabelos da cor do fogo?
Moram dentro de mim.
Claudio Noah
agosto de 2007
As águas de Manaíra enchem-me os olhos
com os olhos da mina dos cabelos de fogo
e os da moça das águas nos olhos e anel de satélite
que brilha e reflete meus olhos nos olhos dela.
?Qual mesmo o tamanho do cais em que andavas?
?E as cores da saia da menina-dos-olhos d’água e anel de satélite
embrulhando-me com a saia
tal qual presente pra santa das águas de Manaíra
vestes sacerdotais que sussurrava ventos
me arranhando os mamilos cais adentro?
Mas onde mesmo moram a minas de Manaíra
que embrulham gente nas vestes
usam anéis de satélite e cabelos da cor do fogo?
Moram dentro de mim.
Claudio Noah
agosto de 2007
A BOLA DA VEZ
..................................................................................... foto: SUZY LOPES
A Bola da vez
Chego na bruma da noite
Sou quem estava por vir
Trago o corte e o açoite
Sulfa, veneno e elixir.
Meu olho-de-vidro é quebrado,
Salivo da cor do açafrão,
O cadarço do meu sapato
Rabisca estrelas no chão.
Sou boto, sou cobra-de-fogo,
Fazendo o teu ventre ferver,
A bola da vez no seu jogo
e o drible que falta a você.
Trago na mão, bem riscado,
O eme dos maracatus
Na goela o meu nó é dobrado
Meu sangue é de pó, vento e luz.
Na ponta da lança a cabeça,
Do seu mais antigo ancestral
Não me negues acaso amanheça,
Meu rastro deixei no quintal.
Pra terminar dou por dito,
O que lhe permito ouvir
No teu abajur deixo escrito
apaguei a luz ao sair.
Claudio Noah
A Bola da vez
Chego na bruma da noite
Sou quem estava por vir
Trago o corte e o açoite
Sulfa, veneno e elixir.
Meu olho-de-vidro é quebrado,
Salivo da cor do açafrão,
O cadarço do meu sapato
Rabisca estrelas no chão.
Sou boto, sou cobra-de-fogo,
Fazendo o teu ventre ferver,
A bola da vez no seu jogo
e o drible que falta a você.
Trago na mão, bem riscado,
O eme dos maracatus
Na goela o meu nó é dobrado
Meu sangue é de pó, vento e luz.
Na ponta da lança a cabeça,
Do seu mais antigo ancestral
Não me negues acaso amanheça,
Meu rastro deixei no quintal.
Pra terminar dou por dito,
O que lhe permito ouvir
No teu abajur deixo escrito
apaguei a luz ao sair.
Claudio Noah
A CASA DOS VENTOS
....................................................................foto: Claudio Noah
A CASA DOS VENTOS
Ela fica no fim de uma pequena rua,
ali bem próximo dos meus sonhos.
O sol, inxirido como sempre,
gosta de vasculhar seus cantos,
só para se ver a si mesmo refletido nela.
Lá, aonde moro, o aconchego me envolve,
numa linguagem de paredes e plantas.
Dentro da Casa dos Ventos o tempo não existe.
Tudo apenas começa..
CLÁUDIO NOAH!
quase, quase outubro de 2007
A CASA DOS VENTOS
Ela fica no fim de uma pequena rua,
ali bem próximo dos meus sonhos.
O sol, inxirido como sempre,
gosta de vasculhar seus cantos,
só para se ver a si mesmo refletido nela.
Lá, aonde moro, o aconchego me envolve,
numa linguagem de paredes e plantas.
Dentro da Casa dos Ventos o tempo não existe.
Tudo apenas começa..
CLÁUDIO NOAH!
quase, quase outubro de 2007
CHEIO DE VOCÊ!
Meu creme dental, a chata da cueca, meus óculos (que nunca pensei em usar), o telejornal chato, a nova beldade mostrando a bunda, o barbeador cego, a roupa desarrumada, o passarinho das 04 horas(chato!), meu leite com Nescau, os improvisos do dia, meu chefe, a conta do telefone, meu peixe (que agora está casado e morando em outra casa!), meu tênis, meu pênis (que um dia supuz ser maior que é!), meu time preferido, a gostosa da esquina, a peça a que não fui, o que jamais pensei sentir, minha ansiedade de Novembros, o piau do trem passando ao largo da minha casa, meus mêdos, minha cama desafeta, o ter de lavar roupa, o aprender sobre o que é morar só, minha blusa, meu divâ (todo homen que mora só tem um), minha mão quando me acaricia tentando ser você.....tudo......tudo isto e muito mais do que eu possa pensar em dizer.... está absolutmente CHEIO de você!
Claudio Noah
DIAS DE AQUARELA
Dias de Aquarela
Tudo assim bem simples
como o sol corando a face da maçã,
como um domingo, um gosto de hortelã,
um queimar de vela.
Aliás, lilás,
e outras cores que ficaram por aqui,
como a desejar por fim se colorir,
dias de aquarela.
E é tom sobre tom
quando explode um arco-íris nos lençóis,
quando em meus lábios rubros desaguamos nós,
pelo corpo dela.
E assim, dentro da noite,
mil e uma outras noites de acordado,
onde me esvaindo vou virando um quadro,
para nossa tela.
Claudio Noah & Suzy Lopes
26 de novembro de 2207
Tudo assim bem simples
como o sol corando a face da maçã,
como um domingo, um gosto de hortelã,
um queimar de vela.
Aliás, lilás,
e outras cores que ficaram por aqui,
como a desejar por fim se colorir,
dias de aquarela.
E é tom sobre tom
quando explode um arco-íris nos lençóis,
quando em meus lábios rubros desaguamos nós,
pelo corpo dela.
E assim, dentro da noite,
mil e uma outras noites de acordado,
onde me esvaindo vou virando um quadro,
para nossa tela.
Claudio Noah & Suzy Lopes
26 de novembro de 2207
sábado, 29 de março de 2008
ÀGUAS DE MANAÍRA DOIS
Águas de Manaíra dois
Ele compra um sorvete para ela que chupa o sorvete como se fosse ele diante da praia exposta ao vento que lhe descabela a alma e o sorvete que não gela o pulsar dela por dentro da noite de Manaíra tão pequena a mão do toque dele nos seus seios expostos pro vento de Manaíra das têtas duras e vagina molhada de espera nas muitas águas de Manaíra.
Águas que só ele sabe.
Cláudio Noah
27 de março de 2008
Ele compra um sorvete para ela que chupa o sorvete como se fosse ele diante da praia exposta ao vento que lhe descabela a alma e o sorvete que não gela o pulsar dela por dentro da noite de Manaíra tão pequena a mão do toque dele nos seus seios expostos pro vento de Manaíra das têtas duras e vagina molhada de espera nas muitas águas de Manaíra.
Águas que só ele sabe.
Cláudio Noah
27 de março de 2008
LUGARES
Lugares
Na Sibéria,
em Otawa,
em Ouricuri,
tem sempre alguém amando alguém.
Sentindo seu cheiro de primavera ainda que seja inverno.
Nos calçadões de Ipanema,
sob os olhos de poetas que já lá não estão,
tem sempre alguém amando alguém.
Dentro de um coletivo ou da última Ferrari,
tem sempre alguém amando alguém.
O amor é o motor deste mundo e das suas gerações
pois os tempos passam,
e sempre teremos alguém amando alguémassim como te amo.
Cláudio Noah
27 de março de 2008
Na Sibéria,
em Otawa,
em Ouricuri,
tem sempre alguém amando alguém.
Sentindo seu cheiro de primavera ainda que seja inverno.
Nos calçadões de Ipanema,
sob os olhos de poetas que já lá não estão,
tem sempre alguém amando alguém.
Dentro de um coletivo ou da última Ferrari,
tem sempre alguém amando alguém.
O amor é o motor deste mundo e das suas gerações
pois os tempos passam,
e sempre teremos alguém amando alguémassim como te amo.
Cláudio Noah
27 de março de 2008
quinta-feira, 27 de março de 2008
DOLOR
Dolor
Dolor não é dor não.
Dolor é tempo perdido por entre os dias.
Dolor é a lembrança de filhos que não foram filhos.
Dolor é a lembrança de orgasmos calados, pra não acordar os do lado.
Dolor é carnecansada sem perfume ou vaidade,
Dolor não se curva pois, curvatura e sobrevivência não combinam.
Dolor é loucura lúcida.
Há um acordo íntimo por dentro dela e ninguem o sabe.
O acordo é acompanhar um filho até o limite, mesmo que o tal limite seja a bala!
Dolor são Marias, todas elas!
Um arquétipo vaginal que amamenta.
Dolor é a negação do prazer com todas as suas consequências.
Dolor são Suzys, Cristinas, Miras e tantas outras sob a pressão de uma realidade não desejada.
Dolor não menstrua mais.
Dolor não sabe onde vai.
Dolor é apenas Dolor.
Claudio Noah
26 de março de 2008
Dolor não é dor não.
Dolor é tempo perdido por entre os dias.
Dolor é a lembrança de filhos que não foram filhos.
Dolor é a lembrança de orgasmos calados, pra não acordar os do lado.
Dolor é carnecansada sem perfume ou vaidade,
Dolor não se curva pois, curvatura e sobrevivência não combinam.
Dolor é loucura lúcida.
Há um acordo íntimo por dentro dela e ninguem o sabe.
O acordo é acompanhar um filho até o limite, mesmo que o tal limite seja a bala!
Dolor são Marias, todas elas!
Um arquétipo vaginal que amamenta.
Dolor é a negação do prazer com todas as suas consequências.
Dolor são Suzys, Cristinas, Miras e tantas outras sob a pressão de uma realidade não desejada.
Dolor não menstrua mais.
Dolor não sabe onde vai.
Dolor é apenas Dolor.
Claudio Noah
26 de março de 2008
quarta-feira, 26 de março de 2008
CANA MARIA
Cana Maria
Vejo o bailado das canas
por sobre os canaviais.
Vejo as Marias das canas por dentro delas.
Sinto o cheiro das canas queimando
por entre as brasas das tais Marias
de nome verde.
O ocre cheiro na vagina dela,
pensando seus filhos das canas,
temperados com melaço.
Por dentro das festas de fim Março
Um cheiro de fim de safra
Cana Maria.
Canas por séculos!
Pisando o adubo,
cotôcos de alegria,
na tera sem nada.
Cláudio Noah
25 de março de 2008
Vejo o bailado das canas
por sobre os canaviais.
Vejo as Marias das canas por dentro delas.
Sinto o cheiro das canas queimando
por entre as brasas das tais Marias
de nome verde.
O ocre cheiro na vagina dela,
pensando seus filhos das canas,
temperados com melaço.
Por dentro das festas de fim Março
Um cheiro de fim de safra
Cana Maria.
Canas por séculos!
Pisando o adubo,
cotôcos de alegria,
na tera sem nada.
Cláudio Noah
25 de março de 2008
MULHER DOS OLHOS D'GUA
Mulher dos olhos d'água
Ela mal acabou de sair e já parece dias. Ainda sinto as partículas da sua presença em minha volta. Pela casa, o seu vulto, como que por teimosia, ainda insiste em se mover pelos cômodos, aonde curiosamente permaneço só. Só que este só já não é mais o mesmo. Dentro do só de agora já não sinto-me triste como nos outros antes deste. Creio que o só dela também já não é mais o mesmo. O amor parece ter muito poder sobre o tal do só. Bate-me agora uma certeza calma da indivisibilidade do átomo que somos. E isto, mesmo apesar de toda a exatidão da Física Atômica, como que exposta agora, inutilmente, nos livros que imagino ao chão e aos quais piso com pés de homem amado.
Mas, o que dizer sobre as partidas? O amor parece também ter muito poder sobre as tais das partidas. Sinto a sua falta e não há mais desespero nesta.
A falta do desespero é uma falta dentro da outra. A dela. Ponho-me a escrever como que por necessidade em poder ler e reler o que já sei sentindo. Escrever sobre o que se sabe sentir é como aguar rosas por dentro. É como tear palavras, trança-las com sentimentos para então, depois, expô-las aos olhos do mundo.
O amor parece também ter muito poder sobre a tal da distância.
A dela de mim é limitada pelo tempo. Sendo assim, não há distância, há tempos. Há o tempo com ela. Há o tempo de mim sem ela. No tempo do agora sem ela debruço-me sobre folhas de papel para pensar por letras sobre a sua presença. Mando-lhe, por esta escrita, os meus mais doces sentimentos. Que vão, então, até a orla das suas vestes , para dali, pararem diante dela e dizerem -Ele é teu! Hoje, sei estar completamente grávido dos seus olhos. Suas lembranças, como água fresca em minhas entranhas, refrigeram-me a alma e a carne. Se escrevo sobre isto, é apenas para que ela leia o que já sente sabendo. Ler que a levo por dentro de mim. Discordo de Vinicius. Isto não me é angustiante. Talvez dentre todas as mulheres que ele conheceu não houvesse nenhuma mulher dos olhos d'água.
Cláudio Noah
23 de março de 2008
Ela mal acabou de sair e já parece dias. Ainda sinto as partículas da sua presença em minha volta. Pela casa, o seu vulto, como que por teimosia, ainda insiste em se mover pelos cômodos, aonde curiosamente permaneço só. Só que este só já não é mais o mesmo. Dentro do só de agora já não sinto-me triste como nos outros antes deste. Creio que o só dela também já não é mais o mesmo. O amor parece ter muito poder sobre o tal do só. Bate-me agora uma certeza calma da indivisibilidade do átomo que somos. E isto, mesmo apesar de toda a exatidão da Física Atômica, como que exposta agora, inutilmente, nos livros que imagino ao chão e aos quais piso com pés de homem amado.
Mas, o que dizer sobre as partidas? O amor parece também ter muito poder sobre as tais das partidas. Sinto a sua falta e não há mais desespero nesta.
A falta do desespero é uma falta dentro da outra. A dela. Ponho-me a escrever como que por necessidade em poder ler e reler o que já sei sentindo. Escrever sobre o que se sabe sentir é como aguar rosas por dentro. É como tear palavras, trança-las com sentimentos para então, depois, expô-las aos olhos do mundo.
O amor parece também ter muito poder sobre a tal da distância.
A dela de mim é limitada pelo tempo. Sendo assim, não há distância, há tempos. Há o tempo com ela. Há o tempo de mim sem ela. No tempo do agora sem ela debruço-me sobre folhas de papel para pensar por letras sobre a sua presença. Mando-lhe, por esta escrita, os meus mais doces sentimentos. Que vão, então, até a orla das suas vestes , para dali, pararem diante dela e dizerem -Ele é teu! Hoje, sei estar completamente grávido dos seus olhos. Suas lembranças, como água fresca em minhas entranhas, refrigeram-me a alma e a carne. Se escrevo sobre isto, é apenas para que ela leia o que já sente sabendo. Ler que a levo por dentro de mim. Discordo de Vinicius. Isto não me é angustiante. Talvez dentre todas as mulheres que ele conheceu não houvesse nenhuma mulher dos olhos d'água.
Cláudio Noah
23 de março de 2008
terça-feira, 18 de março de 2008
MIRAGEM
............................................................................. ( The Kiss - Klint 1907 )
Miragem
Ontem me peguei pensando de novo em você, por ai,
de novo em nós dois, sem por vir, amanhã.
Hoje me peguei de novo pensando em você colibri,
que pensava uma flor num jardim muito longe.
Longe da rede na sala,
longe dos versos que fiz.
tão longe que eu nem enxergava,
um alguém muito longe sim.
Você é muito longe, fim.
Claudio Noah
14 de Março 2008
Miragem
Ontem me peguei pensando de novo em você, por ai,
de novo em nós dois, sem por vir, amanhã.
Hoje me peguei de novo pensando em você colibri,
que pensava uma flor num jardim muito longe.
Longe da rede na sala,
longe dos versos que fiz.
tão longe que eu nem enxergava,
um alguém muito longe sim.
Você é muito longe, fim.
Claudio Noah
14 de Março 2008
segunda-feira, 17 de março de 2008
PRECE AOS SELENITAS
PRECE AOS SELENITAS
Vem, mas vem ligeiro
que é melhor sair da rua,
quase nua,
quase em bruma
quase vento sem ventar,
que a noite é d'água
e não tem hora de passar.
Vem, mas vem depressa
que é melhor fugir da lua
branca e crua,
quase pluma,
nesse brilho em teu olhar
de àgua raza te dizendo pra voltar.
Vem e chegue arfante
que é melhor que estar parada
em qualquer mesa
em qualquer prosa
em qualquer bar.
Vem, mas vem ligeiro
que é melhor sair da rua,
quase nua,
quase em bruma
quase vento sem ventar,
que a noite é d'água
e não tem hora de passar.
Vem, mas vem depressa
que é melhor fugir da lua
branca e crua,
quase pluma,
nesse brilho em teu olhar
de àgua raza te dizendo pra voltar.
Vem e chegue arfante
que é melhor que estar parada
em qualquer mesa
em qualquer prosa
em qualquer bar.
Vem, mas vem agora
que é melhor não ficar fora
dessa boca que te adora
e sempre treme
e sempre cora
só em ver você chegar.
Claudio Noah
13 de março de 2008
sexta-feira, 7 de março de 2008
SOBRE PAIS E BALÕES
SOBRE PAIS E BALÕES
Eu, quando bem pequeno, eu só queria um dia ter um balão,
Pra conhecer os lugares que eu sabia haver além do portão,
Eu quando bem pequeno, só queria um dia ser o meu pai,
Pra ver o mundo como ele via, sem não ter medo jamais,
De escuro ou de lagartixa e nem de bicho-papão,
De ser o mais valente da família.
Por onde anda meu pai?
Que fim levou meu balão?
Mas pra que me perguntar, se hoje tenho um filho que também vai querer voar?
Claudio Noah
Eu, quando bem pequeno, eu só queria um dia ter um balão,
Pra conhecer os lugares que eu sabia haver além do portão,
Eu quando bem pequeno, só queria um dia ser o meu pai,
Pra ver o mundo como ele via, sem não ter medo jamais,
De escuro ou de lagartixa e nem de bicho-papão,
De ser o mais valente da família.
Por onde anda meu pai?
Que fim levou meu balão?
Mas pra que me perguntar, se hoje tenho um filho que também vai querer voar?
Claudio Noah
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
CÁRCERE
Cárcere
Na primeira vez foi olhar-te,
na segunda vez já foi tombo
dos olhos meus,
nos olhos teus,
nos teus olhos.
Lá por tantas ficara tarde,
não cabia volta ou resgate
aos olhos meus,
dos olhos teus,
dos teus olhos.
Sou recluso do teu mirar;
não planejo fuga,
não escavo túneis.
Quero estas grades pra mim,
nessa doce pena sem fim,
na clausura do teu olhar.
Claudio Noah
26/02/2008
Na primeira vez foi olhar-te,
na segunda vez já foi tombo
dos olhos meus,
nos olhos teus,
nos teus olhos.
Lá por tantas ficara tarde,
não cabia volta ou resgate
aos olhos meus,
dos olhos teus,
dos teus olhos.
Sou recluso do teu mirar;
não planejo fuga,
não escavo túneis.
Quero estas grades pra mim,
nessa doce pena sem fim,
na clausura do teu olhar.
Claudio Noah
26/02/2008
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